quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O "Difícil" Retorno a Pátria Espiritual

Temos medo de pensar em que momento precisaremos retornar ao mundo fora da matéria. Evitamos conversar sobre isso, pela possibilidade, imaginada é certo, de que com isso chamaremos a atenção da morte. E então ela nos pega a todos de surpresa. Em nosso pensamento mágico, temos a ingênua certeza de que se não falarmos dela, ela não nos encontrará.
É certo que pensamentos e emoções podem fazer com que vivamos mais ou abreviemos a vida, mas o certo é que chegará um momento em que essa forma de vida se encerrará.
É inerente à vida neste planeta que todos tomem emprestado um pouco da matéria da mãe Terra para esculpir seus corpos e que devolvam essa matéria após algum tempo. Nosso espírito animará essa matéria durante um tempo, fará com que ela passe a vibrar uma oitava acima do que vibrava antes do empréstimo e a devolverá. Dessa forma a troca está feita com ganho para os dois parceiros: ganhamos nós pelas experiências vivenciadas e ganha o planeta com essa sutilização da matéria.
Se pensamos assim é lindo! É apenas a devolução do que nos foi emprestado!
Mas porque sofremos tanto? Pela ilusão de ser a própria matéria. Nos identificamos tanto com a matéria que esquecemos o que ela é: pedacinhos do planeta que devem ser restituidos ao seu verdadeiro dono.
Quando a ligação entre o espírito e a matéria se desfaz e nos tornamos impotentes para fazer mover aquela matéria, entramos em desespero. Pois é, no momento em que deixamos o corpo nós tentamos reanimá-lo, nós deitamos em cima dele para ver se encaixamos de novo! Continuamos pensando que somos os corpos físicos que nos serviram! Então quando entendemos que não conseguiremos mais movê-lo, somos tomados pelas lembranças das coisas que deixamos de fazer  E entramos em estados de desespero, depressão, arrependimento e vários outros estados emocionais penosos, dolorosos, porque são acompanhados da certeza da impossibilidade de modificação - lembremos que estamos falando dos momentos próximos ao desencarne.
O que? eu estou dizendo que nós entramos em desespero? Como assim se nós acabamos de morrer? Pois é, nesse momento em que nos vemos fora do corpo,  continuamos sentindo, nos movendo, tentando fazer coisas, mas não damos conta de que continuamos vivos! Pois é...continuamos vivos!
E para que esse sofrimento possa ser minimizado, nós temos que começar a discutir a vida e a morte, não como se fosse um assunto mórbido, mas apenas como um término de um ciclo. Qual a vantagem de   desmorbidificar a morte? O que ganhamos com isso? Possibilidades de uma nova vida e de um desencarne mais tranquilo!
Se encararmos o fenômeno da morte de frente, como algo que pode ocorrer a qualquer momento, tendo a consciência da possibilidade dessa interrupção, poderemos viver a vida de uma forma  tal, que não existirão assuntos pendentes, posto que tudo que era possível ser realizado, assim o foi.

- Procuraremos não deixar uma desavença durar mais tempo do que o necessário: tão logo nos seja possível procuraremos a reconciliação. "Reconcilia-te com teu inimigo enquanto ele caminha a teu lado;"
- Organizaremos nossos documentos de forma a não deixar enlouquecidas as pessoas que ficaram;
- se tivermos a percepção de que os nossos descendentes possam se desentender por conta de bens que ficarão de herança, providenciemos um testamento, baseado na igualdade de direitos e não na predileção por um ou outro descendente;
- Não deixaremos para amanhã o que podemos fazer hoje (mas sem estresse!);
- Digamos eu te amo, eu te admiro, me desculpe; mas acima de tudo deixe sempre com as pessoas a certeza de seu sentimento por elas. Essa providência é necessária porque desavenças acontecem, mas os envolvidos devem saber que o verdadeiro sentimento não é abalado por esses eventos;
-  Perguntaremos sempre ao nosso coração, à nossa alma o que queremos realizar e deixaremos de perguntar ao vizinho, ao filho, ao marido ou à qualquer pessoa querida, o que ela acha ser certo para a nossa vida!
- etc...
Nessa listagem deverão constar todos os assuntos que, em sendo deixados em aberto, sem possibilidade de uma ação nossa posterior, nos causarão remorsos, arrependimentos, dor.
Muito do sofrimento e da dor, que surge após o desencarne, diz respeito ao que achamos que deveríamos ter feito e não fizemos.
É importante, ao longo da vida, procurar respeitar aquilo de que fala o provérbio árabe: saber entregar ao universo o que não podemos modificar.
Outra questão que surge é essa: Porque choramos a perda da matéria, se em espírito temos muito mais liberdade?
Saudades? Porque a saudade deve ser maior do que a felicidade de reencontrar, no mundo astral-espiritual os espíritos que deixamos em outras épocas. Quando saimos da terra deixamos algumas  poucas pessoas das quais sentiremos muitas saudades, isso é certo, mas quantos maridos, esposas, filhos e amigos já tivemos ao longo das nossas encarnações, de quem poderemos ter notícias e até mesmo rever no mundo fora da matéria!
Porque sofremos tanto pelos espíritos que atualmente são nossos maridos, esposas, filhos e amigos?
Quantos entes queridos vamos deixar de ver ao desencarnar e quantos tornaremos a encontrar?
Quando saimos do mundo espiritual, para reencarnarmos, quantos espíritos tivemos de abandonar?


Reconcilia-te com teu inimigo,
enquanto ele compartiha a trilha contigo!
Não deixe assuntos pendentes...fale tudo, resolva tudo
Agradeça, dê esporro, cobre o que é teu de direito
Devolva o que não é teu e sempre agradeça pela vida
A vida é um milagre e ninguém te cobra nada por ela
Somente que se faça o melhor possível, não o perfei
to


Agradeço seu carinho
Nice de Toledo



2 comentários:

  1. Muito bom o texto. Parabens.

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  2. lindo texto, Nice.
    adorei ler isso:

    "Mas porque sofremos tanto? Pela ilusão de ser a própria matéria. Nos identificamos tanto com a matéria que esquecemos o que ela é: pedacinhos do planeta que devem ser restituidos ao seu verdadeiro dono."


    beijos
    Angela

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