quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A natureza, o homem-ego intelectual e o homem-Eu racional


Esse é um texto escrito a partir da leitura de "Setas para o Infinito" de Huberto Rohden
A cada dia temos a oportunidade de obter maior quantidade de conhecimento intelectual. Essa efusão de material pode se transformar em  evolução e libertação, ou redundar em um grande desperdício de tempo. Caso o conhecimento intelectual esteja sendo acessorado pela sabedoria de nosso Eu verdadeiro, poderá significar  uma grande mudança na nossa forma de viver, nos transformando em pessoas mais felizes e integradas a esse mundo em que vivemos. Se o nosso acessoramento for feito pelo nosso ego, haverá apenas como resultado o enaltecimento da lógica materialista de viver.
Podemos sempre descobrir novas lógicas de vida, assim como podemos inventá-las. Através da digestão e assimilação de novos elementos, podemos nos transformar e transformar a realidade à nossa volta. Devemos nos ver como andarilhos trilhando uma estrada de luz que, fatalmente, nos levará à perfeição, não importa quanto tempo leve esse caminhar: pode levar uma eternidade ou apenas um fragmento de segundo.
Acessar o Eu superior exige que se cale a mente inquieta, a mente do conhecimento intelectivo. Acessar o Eu superior significa dizer que esse nível de existência, enquanto consciência, poderá assumir o controle e a  coordenação da integração dos materiais obtidos pelos meios da intelectualidade. Não acessar o Eu superior significa que esse material será análisado e integrado apenas ao nível do ego, servindo apenas para as questões da materialidade, ou seja, não serve para acelerar o processo de evolução.
Considero Huberto Rohden alguém com uma grande capacidade de transformar nossas vidas.
Nesses trechos retirados de "Setas para o infinito"  tento trazer luz à questão do Eu superior e do ego.
Por vezes, tomei a liberdade de trocar as citações de ordem, por entender que assim a compreensão se tornaria mais fácil.

 Auto-conhecimento e  Eu Superior  segundo Huberto Rohden no livro "Setas para o Infinito"

"O auto-conhecimento leva o homem necessariamente à auto-realização; cedo ou tarde, fará ele na sua vida prática o que conhece como sendo a verdade.
O auto-conhecimento não é apenas análise intelectual, mas sim uma experiência vital da realidade central do homem, o seu Eu cósmico. O Eu humano é a própria Realidade Cósmica, cujo ponto de contato consciente é apreendido como Eu. Esse Eu central e cósmico do homem aparece, na literatura dos povos, com diversos nomes: alma, o espírito de Deus no homem, a luz do mundo, a consciência, a centelha divina, o Pai; a filosofia oriental lhe chama purusha ou atman; os povos nórdicos o denominam Self ou Selbst. Todos esses nomes designam invariavelmente a mesma realidade central do homem, o seu ponto de contato com o Todo, o Infinito, o Universal, o Absoluto, o Transcendente. O Eu é o próprio Universal apreendido em forma individual. É o transcendente que se tornou consciente no homem em forma imanente."(pag27)
 Natureza, homem-ego, homem-Eu

"A Natureza vive em uma escravidão inconsciente
O homem-ego intelectual vive em uma escravidão consciente
o homem-Eu racional vive em uma liberdade conciente"
A natureza infra-humana encontra-se em estado neutro, subconsciente; nada sabe de queda nem de redenção. Vive em completa escravidão, em um total automatismo mecânico, em um radical alo-determinismo, dominado pela lei férrea da causalidade universal. Mas, como a natureza infra-humana não sabe dessa sua escravidão, não se sente escravizada; o que é inconsciente nos é inexistente.
Com o advento do homem, pela primeira vez, ingressou a natureza na zona do consciente - e com isso o fato objetivo da escravidão passou a ser um problema subjetivo de escravidão - seguido do esforço da libertação.
E é precisamente aqui que principia o problema fundamental da nossa filosofia: o homem intelectualizado conhece o fato objetivo da sua escravidão e anseia subjetivamente por uma libertação. Se essa libertação não fôsse possível, não poderia haver, precisamente na melhor parte da humanidade, esse permanente anseio de libertação. O homem intelectual sabe que é escravo e que pode libertar-se, mas sabe também que não se libertou - e isso constitui toda a tragicidade da sua existência terrestre.
(...) A natureza infra-humana, por ignorar a sua escravidão, não sofre com o automatismo necessitante; pois, o que é inconsciente é inexistente. Onde não há nem a  luz do conhecimento nem a força do poder não há tragicidade, conflito, problemática.
A tragicidade da existência começa com o homem, e a bitola dessa tragicidade existencial é o grau de intelectualidade que o homem possua; saber-se escravo e não poder abolir a escravidão é dolorosamente trágico.
A tragicidade existencial do homem começa com a intelectualidade - e termina com a racionalidade, porque essa acrescenta à luz do conhecer  a força do poder.
(...) de longe em longe aparece sobre a face da Terra alguém que já se libertou, total ou parcialmente, e mostra aos outros, ainda não libertos, o caminho da libertação. E os não-libertos criam alma nova em face de um homem liberto.
(...) O homem intelectualizado percebe a possibilidade de se emancipar desse automatismo escravizante e entrar na zona virgem da auto-determinação - mas esse conhecimento intelectual é apenas luz; falta-lhe ainda a força de realizar o que teve a luz de conhecer. Essa força realizadora existe no homem, não na periferia do seu ego superficial, mas nas profundezas do seu Eu real.
(...) É essa a filosofia cósmica de todos os grandes mestres da humanidade - sobretudo  da Bhagavad Gita e do Evangelho - que o homem escravizado pelo seu ego ilusório deve descobrir o seu Eu libertador a fim de entrar no 'reino dos céus', que está dentro do homem. Por onde se vê que os mestres supõem que o reino da verdade e da felicidade possa e deva ser realizado agora e aqui, e não só alhures e mais tarde. Os grandes mestres não ensinam substituição nem justaposição, mas completa interpenetração orgânica de todos os elementos do homem, em perfeita harmonia. Não afirmam que o ego deva triunfar agora e aqui, e que o Eu deva entrar no céu depois da morte e em regiões longínquas - ensinam que o ego pode e deve adquirir sua plena maturidade na forma do Ego, agora e aqui
(...) Os teólogos fazem consistir esse elemento escravizante (queda) em um fator externo, alheio ao homem, e, logicamente, também tem de atribuir o elemento libertador (redenção) a um fator externo. Nós, porém, sabemos que esses dois elementos estão dentro do homem, fazem parte integrante da sua própria natureza, porquanto o homem é tanto o seu ego pecador como o seu Ego redentor.
(...) Enquanto o homem conhece apenas as periferias de seu ego físico-mental-emocional, está ele escravizado por esse conhecimento imperfeito; mas se chegar a conhecer  o seu Eu central-racional, entra ele na grande zona libertadora
(...) Para prevenir equívocos, temos que frisar que esse ego e esse Eu não são, em última análise, duas entidades dentro do homem, mas que é a mesma e única realidade humana em dois estágios evolutivos diferentes. O ego é potencialmente o Eu - e o Eu é o ego plenamente atualizado e realizado. Assim como a semente de qualquer planta é a própria planta em estado potencial, e a planta é a semente em forma atual  assim é também o homem-ego, o homem-Eu, seja em forma embrionária e imperfeita, seja em forma adulta e perfeita."

Fragmentos retirados de "SETAS PARA O INFINITO" de Huberto Rohden, coleção A OBRA PRIMA DE CADA AUTOR  paginas 26 a 30)

Um comentário:

  1. "O ego e luz mas nao e forca. Pela luz enxerga o caminho certo, mas pela ausencia de forca nao pode andar por esse caminho".

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