quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Kyol Che: Liberdade de Si Mesmo

No ano de 2010 participei durante quinze dias do retiro de meditação Kyol Che, com Sanvara Bodewig.
Oportunidade ímpar de nos tornarmos cientes dos extenuantes duelos de idéias que ocorrem em nossa mente e que nos impedem de fazer contato com o nosso verdadeiro ser.
Aprendendo a não se deixar enredar por essas armadilhas da mente, por essas discussões que ocorrem ininterruptamente em "nossa cabeça", transformamos  a mente em mais um instrumento para o nosso crescimento. A mente não é uma inimiga, ela apenas é algo que se desenvolveu em nós e que tem a ilusão de poder controlar tudo, de estar à frente de tudo. Talvez a mente seja aquilo que gera o que chamam de maya.
Talvez maya seja o conjunto de pensamentos lógicos que desenvolvemos, através da mente, para explicar o mundo, excluindo o mistério a que chamamos Deus. Pensamentos lógicos que tentam reduzir o mundo aos conteúdos compreensíveis para o humano, excluindo o inexplicável, o invisível, o que é apenas pode ser compreendido pela sensibilidade. A mente é o que constrói essas ilusões de poder controlar a vida.
A mente briga e tenta destruir tudo que se baseia em percepções  extrasensoriais, o que significa que qualquer dado obtido através de nossa sensibilidade e intuição é destituido de valor real pela mente.
Nós temos um sistema perceptivo através do qual sentimos o que não é visível, audível, cheiravel, tateável e tampouco pode ser provado. Mas nós sabemos que é real.
Por muitos séculos os poderes religiosos se apropriaram da expressão da espiritualidade com o intuito de dominação dos outros homens. Esses amantes do poder transformaram Deus em um déspota, que mantinha o controle dos homens através da culpa, da ameaça de um inferno para quem não obedecesse aos seus representantes na terra. Os homens que ficaram tanto tempo à mercê desse deus injusto, que só protegia os poderosos, ao se ver livre desses senhores do poder na terra, também rechaçaram esse deus e tudo que se relacionasse a espiritualidade.
 Por alguns séculos talvez tenha sido necessário, no ocidente, que fosse deixado de lado esse invisível, e que fosse trazido à cena o  palpável, e que fossem desenvolvidas formas de estudar esse mundo material, como uma forma de não se deixar enganar novamente.
Surgiu a ciência como um campo de conhecimento capaz de encontrar as leis que regem esse mundo material. Essa ciência não tinha como mensurar o que não era material e resolveu desvalorizar as coisas sabidas apenas pela sensibilidade, ou seja, Deus, os fenômenos mediúnicos ou da sensibilidade e as nossas intuições. Tudo que não era material passou a não ser verdadeiro ou digno de ser pesquisado.
Como consequencia da exclusão do fenômeno imaterial da esfera do real, as manifestações referentes ao mundo espiritual passaram a ser manifestações de desequilíbrio.
Nesse momento podemos retornar ao instante em que eu falava da mente trabalhando na lógica materialista: ela simplesmente tenta aplicar as leis materialistas e mecanicistas as experiências da esfera espiritual. Não conseguindo enquadrar o fenômeno espiritual no que conhece, a mente tenta neutralizar esse invisível que age sobre ela. Ela tenta nos convencer de que tudo é da ordem da imaginação. Mas algo em nós sabe que existem coisas imateriais, forças que atuam sobre nós e não podem ser medidas. É o nosso espírito que vai questionar o materialismo da mente. Dessa forma se inicia dentro de nós uma grande discussão mental e a gente pensa que enlouqueceu. Além da discussão na mente, dos prós e dos contras e da voz de nossos espíritos, as vozes de outros espíritos se somam a esse processo, acelerando a nossa aceitação de que o material é apenas uma das faces de nossa existência.
Mas isso tudo é normal! Nós fomos presenteados com uma mente capaz de planejar, prever, organizar, e dona de um poder de análise capaz de impedir que caiamos em crendices sem fundamento.
Nesse momento, o oriente se volta para o ocidente, ou melhor, dentro do planejamento Divino surgem alguns iluminados do oriente que vem para o ocidente para ensinar a arte da meditação, através da qual aprendemos a disciplinar a mente inquieta. Dentre eles podemos citar Vivekananda e Yogananda, dois indianos que vieram em missão ao ocidente ensinar as coisas do espírito para nós, que estávamos mergulhados num materialismo absoluto. Mais atualmente podemos citar Sai Baba e Osho. Mas existem muitos outros.
Kyol Che é um retiro de meditação adaptado às características do ocidental, criada por Osho e Sanvara Bodewig.
A respeito do trabalho desenvolvido por Osho, podemos ler no livro "Alegria, a felicidade que vem de dentro":

  "Como um fio de ligação percorrendo todos os aspectos do trabalho de Osho, há uma visão que engloba tanto a sabedoria perene do Oriente como o potencial mais elevado da ciência e da tecnologia ocidentais.
Osho também é conhecido pela sua revolucionária contribuição à ciência da transformação interior, com uma abordagem de meditação que leva em consideração o ritmo acelerado da vida contemporânea. Suas singulares meditações ativas são estruturadas de modo a primeiro aliviar as tensões acumuladas no corpo e na mente, para que então fique mais fácil experimentar o estado de meditação relaxado e livre de pensamentos"

Desenvolvida a mente analítica, organizadora, planejadora e muito mais, temos que fazer com que ela se aquiete para que possamos sentir as coisas do espírito, para que possamos viver nossa espiritualidade nesse lindo planeta Terra.  

Ao término de nossa participação no retiro espiritual Kyol Che, nos foi pedido que dessemos um depoimento sobre a experiência. O que escrevi vou reproduzir aqui, em parte, mas os depoimentos de todos que participaram podem ser lido no site de Sanvara, do Kyol Che, do ano de 2010.

"...nenhum pensamento gerado pela nossa mente limitada é capaz de dar conta de qualquer  realidade. A mente que procura justificativas para todos os acontecimentos da vida, vai trabalhar com o material que ela pode entender e processar, o que, na realidade, é muito pouco frente ao que podemos chamar de mistérios desse universo. Esses "Mistérios" só podem ser alcançados através da vivência do silêncio, em que nos permitimos ser invadidos pela totalidade; um único instante em que somos preenchidos por essa força, que eu chamo de Deus, mas que pode ser chamada por qualquer nome, o instante em que nos deixamos permear por essa Consciência, que é tudo que existiu, existe e existirá, tem o poder de modificar as nossas vidas e ao mesmo tempo todas as vidas do mundo. Obrigada"

E posso acrescentar ainda, nesse instante, que não se trata de se deixar permear por essa Consciência, mas sentir que nós somos parte Dela e assim como nós, tudo o que é conhecido, desconhecido, amado ou odiado, faz parte dessa Consciência.


Obrigada pelo seu carinho

EU SOU NICE






http://samvara.info/por_kyol.htm

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